quarta-feira, 25 de maio de 2011

Últimas impressões

Esse post tinha ficado perdido no meu computador, então pra encerrar o blog resolvi postar aqui.... :)

Não, eu não sou preguiçosa. Eu só não conseguia postar mais, porque nesses últimos dias eu tava ficando num hostel, e a internet lá bloqueia meu blog(!). Como se ele fosse muito perigoso pra segurança da sociedade turca. Entãão, cá estou eu, no avião de volta pro ‘Brésil’, escrevendo meu último post...
Nas últimas duas semanas foi dando aquele sentimento de “tá acabando”, e eu ainda não tinha feito nenhum passeio turístico. Acho que eu me acostumei com a rotina e com a vida por aqui, então eu acabava fazendo só as coisas que eu mais gostava – eu tava indo pra Taksim (aquele bairro que tem uma rua que quase não passa carro, cheio de cafés, pubs, livrarias e lojas) quase dia sim, dia não, e passeando pelos mesmos lugares. Tá certo que eu continuei indo pra Taksim, mas eu fiz outras coisas também :)
Fui na Aya Sofia, na Galata Kulesi, uma torre de guerra antes, que ficava entre os muros da cidade, e hoje é aberto ao público, e tem uma vista linda pra toda a cidade; num museu de arte moderna, Istanbul Modern, numa cisterna de 532 d.C., e num museu que contava a história da conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos - Panorama 1453. É um museu cilíndrico, com três andares. Os primeiros dois andares tinham painéis explicando como foi a tomada da cidade, e a reconstrução depois disso, as primeiras mesquitas, a transformação da Igreja Aya Sofia em Mesquita. No último andar, tinha um panorama lindo da batalha na frente dos muros que protegiam Constantinopla. No colégio e no cursinho a gente tem várias aulas sobre Idade Média, feudalismo, mas quando chega nessa parte, é “aí os turcos otomanos tomam Constantinopla em 1453 e começa a Idade Moderna, ta-nan”! Eu nunca soube o que houve durante a tomada, e o que aconteceu com todo o povo que morava ali, então foi muito legal ter uma idéia geral dos acontecimentos. E o mais legal foi que, ao sair do museu, a gente deu de cara com nada mais, nada menos do que os muros da cidade, os mesmos que circundavam a cidade em 1453! Foi uma sensação mágica estar de fato no lugar em que tudo aconteceu, só 558 anos depois...
Há duas semanas fomos pra Capadócia em um grupo de umas 20 pessoas, entre brasileiros, chineses, indianos, indonésios e russos. Beeeeeeeem legal, fizemos dois tours, um em cada dia. Confesso que eu não agüentava mais ver pedras no fim da viagem (a paisagem ficava um pouco monótona depois de um tempo), mas foi muito legal conhecer! O Nicolas Cage tava por lá também, filmando Motoqueiros Fantasmas (ou selvagens?) 2, mas não vimos ele não...
Essa semana, antes de me mudar, conversei com meu host sobre o Islamismo, e ele explicou algumas coisas sobre alguns dos hábitos deles. Comentei (de maneira polida, claro) que eu achava que a religião menosprezava a mulher. Um dos exemplos é que as mulheres rezam atrás dos homens na mesquita (ou seja, mais longe de Meca). E ele me explicou que, na verdade, os homens não rezam na frente porque são mais importantes, mas porque as mulheres não teriam libido ao olhar as costas dos homens, mas os homens, sim. E é por isso, também, que as mulheres ‘devem’ tapar todo o corpo, e os homens só do joelho à barriga. Ele me explicou também sobre o mês do Ramazã (o calendário muçulmano é diferente do cristão, então a época em que ele acontece varia – quando meu host era pequeno, ele acontecia no inverno – agora, ele acontece no verão). Durante esse mês, os muçulmanos só podem comer e beber depois de o sol se pôr. Durante toda o dia, eles não podem fumar, beber (nem água), comer e ter relações sexuais. Esse ‘ritual’, segundo ele, é feito pra que eles sintam o que uma pessoa pobre sente, pra que eles ‘se coloquem’ no lugar dessas. Outro ritual importante é o Bayram, que acontece em novembro e dura nove dias. As famílias mais ricas, nesses dias, matam animais que são criados em casa e, depois de se alimentar de uma parte desses, em reuniões familiares, dão outras partes aos mais pobres. Eu tinha – e ainda tenho – muitas dúvidas sobre como funciona a sociedade turca e a religião Islâmica, então essa conversa foi muito boa pra ouvir um pouco do que um muçulmano pensa sobre a própria religião e sobre os costumes.


 Blue Mosque
 Dentro da Aya Sofia
 Bairro Pera

Meu turco tá quase na mesma, não passei daquele básico de perguntar quanto custa, de agradecer, pedir alguma coisa no restaurante, e tal. Só aprendi a contar até 999.999! Super útil.
Semana passada eu finalmente fiz o banho turco. E, sério, eu não sei como eu não fiz antes... é genial! Funciona assim – tu entra num salão todo de mármore, bem quente – quase uma sauna. Aí tu deita num negócio mais alto, beeem grande, feito de mármore e aquecido. Todo mundo deita no mesmo (são salões separados pra homens e mulheres). Aí vem uma mulher e começa a te esfregar com um ‘scrubble’, e faz uma espécie de esfoliação em todo o corpo. Depois ela te enche de espuma, faz massagem, lava teu cabelo. Tudo isso dura mais ou menos uns 20, 25 minutos, mas tu fica lá dentro por umas 2 horas. É super relaxante – me arrependi de não ter feito antes!


 No pátio da Blue Mosque

Spice Bazaar


E enfim... chegou ao fim. Esses último fim de semana foi o das ‘útimas vezes’. A última vez que eu fui pra Taksim, a última vez que eu tomei um sahlep, o último kebap, a última vez que eu ia ver a blue mosque e a Hagia Sofia... Começou a dar uma saudade, já! Mas também já dava vontade de voltar pro Brasil e fazer tudo que eu planejei por aqui. Uma coisa boa de viajar é que tu te afasta da tua rotina e da tua vida normal, das tuas tarefas do dia a dia, e vive uma vida bem diferente por um certo período de tempo. Aí começa a fazer vários planos e metas, deixando o dia da volta mais atrativo, então fica aquela vontade de ficar mais e a vontade de voltar e fazer tudo. Vou sentir falta de muitas coisas, coisas que eu até reclamava no começo. Da comida apimentada, dos empurrões, de barganhar por uma ou duas liras, de discutir com os comerciantes, do comércio um tanto singular, do sahlep, dos ‘döneres’ espalhados por tudo que é quando, de Taksim, da língua – e de não entender nada e não ser entendida por ninguém, da paisagem e do horizonte pipocado de mesquitas, de ficar trocando de continente todos os dias, da travessia de ferry, e até daquele canto desafinado vindo das mesquitas chamando o povo pra rezar. Acho até que vou estranhar a falta desse som e das mulheres com lenços e burcas perambulando por lá. Mas faz parte, né?
Voltaremos!
Güle güle!
No avião, começando a enxergar a costa brasileira, 8 de fevereiro de 2011.

Um comentário:

  1. aiai só pra aumentar a sempre presente vontade de viajar..
    e as fotos são tuas? muito lindas!
    beijinhos

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