terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sobre aromas e impressões

Aconteceu tanta coisa nesses últimos dias, desde que eu cheguei em Istanbul, que eu fui ficando com preguiça de postar, e mais coisas iam acontecendo, e eu acabava ficando com mais preguiça. Mas cá estou.
Semana passada eu tava super chateada com a minha situação e com os problemas com o projeto em Denizli, e acho que transpareceu um pouco no último post. Tava muito chato, por que eu tava bem ansiosa em dar aula pra crianças, ensinar português, fazer apresentações sobre a cultura e a economia brasileira, e nada disso tava acontecendo. E pra piorar, a cidade é minúscula e não tem quase nada lá.
Aí decidimos, entre alguns trainees, vir passar o Natal e Ano Novo aqui em Istanbul. Nós saímos de lá dia 22 de noite, viajamos num ônibus super confortável, com wireless e na primeira fila (dava pra ver toda a estrada), e chegamos aqui no dia 23 de manhã. E, sério, sem palavras. A cidade é simplesmente maravilhosa. Pra tudo que é lugar que tu olha tem uma construção antiquíssima – seja uma mesquita (tem zilhões, e todas são lindíssimas e grandes), uma estação de trem, uma casa de banho turco, bazares, enfim. Não falta o que fazer e o que explorar por aqui.
No primeiro dia, saímos com duas turcas e elas nos levaram para almoçar num restaurante super tradicional, ficamos bastante tempo lá e nos ofereceram de tudo e, no fim, o dono do restaurante era amigo do pai de uma das turcas, e ele se recusou a deixar que pagássemos! Ufa, porque tinha dado muito caro – eu já tava pensando o que eu ia ter que deixar de comprar hehe Depois fomos no Grand Bazaar, o bazaar mais famoso daqui. É lindo, cheio de bugigangas e gente gritando, e, justamente por ser famoso, é o mais caro. Ficamos lá algumas horas e fizemos algumas comprinhas. Fiquei muito orgulhosa de mim mesma – pechinchei demais com um cara, ficamos uns 7 minutos discutindo (eu tentando aparentar muito desinteresse, mas só pensando – EU QUERO!) e, no fim, eu comprei um narguilé que custava 75 liras por meras TRINTA liras! Se era o preço que ele já pretendia vender mesmo, eu não sei, mas as turcas disseram que eu fiz um bom negócio...
Blue Mosque 
 Lojinha





No dia 25, Natal, fomos num Spice Bazaar, um bazaar muito legal e bem mais barato que vende muitos temperos, chás, lenços, jóias e as bugigangas de sempre. Muito bonito; confesso que achei até mais legal que o Grand Bazaar. Depois disso, de noite, fomos num lugar pra fumar narguilé e tomar çai (chá) – aqui eles não tomam álcool com narguilé (aliás, eu não vejo eles tomarem álcool). O lugar é super bonito! São uns espaços, como se fossem umas mini salas, com sofás cheios de almofada. O que fomos ficava numa lombinha; as salas eram abertas pra rua e só tinham um telhadinho em cima. Muito bacana – e o narguilé era demais.




 Spice Bazaar





Nesses dias, desde o dia 23, fizemos vários passeios turísticos, visitamos a blue mosque, a Hagia Sofia (ainda não entrei...), taksim e todo o bairro de Sultanahmet, que é bem turístico. Mas, pra mim, uma das coisas que eu fiz por aqui que mais apreciei foi atravessar o estreito de bósforo pra ir pra Ásia de ferry. Demora uns 20 minutos a travessia, e é simplesmente demais. Tu enxerga as mesquitas (dá pra ver a New Mosque, a Blue Mosque e a Hagia Sofia ao mesmo tempo), as construções, e em volta do ferry ficam um milhão de gaivotas esperando tu jogar comida pra elas. Eu tava irritada quando fui fazer a travessia, porque um passarinho tinha cagado na minha cabeça(!), um cara tinha tentando me ajudar (e eu não queria ajuda!!!) a tirar dinheiro de uma máquina que NÃO tinha bandeira VISA, e a máquina simplesmente ENGOLIU meu cartão (não teve jeito de recuperar), eu tinha perdido o primeiro ferry pra atravessar o estreito porque eu tava com a ficha errada e tentei entrar e um policial ficou me xingando (em turco!!), e tava com torcicolo da viagem de ônibus. Great, ahn? Pois é, aí eu entrei no ferry e sentei do lado de fora. E esses 20 minutos me relaxaram demais – dava pra ouvir o sonzinho do mar batendo no ferry, as gaivotas (muitas gaivotas) voando por todos os lados, e a vista era maravilhosa. Me deu uma sensação de tranquilidade, e eu cheguei na Ásia completamente relaxada. :) 
Nesse dia, fui até Çamlica com dois amigos de Porto Alegre. Fica no topo do morro, e a vista é simplesmente demais! Dá pra ver toda a cidade de Istanbul, e ponte de Bósforo e a Hagia Sofia lá no fundo. Muito bonito, mesmo! Só faltou bateria na minha câmera, então não pude tirar fotos da vista noturna, que também é maravilhosa.
Fomos no supermercado ontem e ficamos abismadas com o preço de tudo por aqui. As coisas são absurdamente baratas; a única coisa cara por aqui é a bebida. Pasmem – tem Kit Kat a 79 CENTAVOS! Quero morar em Istanbul pra sempre.

 Indo pra Ásia de ferry

 Estação de trem - Hayder Apaşa
 Vista de Çamlica


Outra coisa muito legal é que eu aprendi a contar até dez! Acredite, é bem difícil. Agora, quando eu pergunto “Nekadar?” (quanto custa) pra coisas baratas, eu realmente entendo a resposta! Que orgulho! E descobri uma bebida genial aqui – o Sahlep. É fraco, não tem pimenta e é bem quentinho – na real é um mingau com canela em cima. Mas repito, é genial. Teve um dos dias aqui que eu tomei uma xícara disso de café da manhã, uma de almoço e uma de tardezinha e só fui comer realmente de noite – viciei na bebida.
Esses dias eu tava pensando em como tudo aqui é diferente, e como isso afeta todos os nossos sentidos. Os sons da cidade, por exemplo, são completamente diferentes dos de Porto Alegre – são as gaivotas do ferry, os corvos que a gente ouve de noite nas ruelas (assustador, diga-se de passagem), as rezas cantadas que ouvimos por todos os lados 5 vezes por dia, e até o turco, que é uma língua completamente diferente do português. Em termos de paladar, a comida por aqui também é outra – muita pimenta, muitos temperos, tudo muito forte e quase nada que lembre a comida que comemos no Brasil. Olfato já é mais sutil – o cheirinho não muito agradável dos turcos quando eles tiram os casacos, o cheiro de comida que tem por todos os lados, dos temperos, e o cheiro do ar, do frio mesmo, que eu já comentei que é super característico. Quanto a visão, acho que dispensa comentários – construções antiqüíssimas (510 anos – idade do Brasil –, pra essa cultura, não é nada, mas outro dia eu escrevo mais sobre isso), mesquitas por todos os lados, o estreito de bósforo no meio da cidade, lenços e burcas pretas nas mulheres – sem falar que dá pra realmente sentir quando estamos do lado europeu e quando estamos do lado asiático de Istanbul.
Aquele negócio de que ir pra cidades menores é melhor pra mergulhar mais na cultura do país se provou bobagem por aqui – pelo menos do meu ponto de vista. Fiquei completamente apaixonada por Istanbul, pela vista, pelas construções, enfim. Não tem adjetivos que descrevam o que eu senti, eu to simplesmente maravilhada. To proveitando muito mais a viagem, conhecendo mais coisas, visitando mais lugares e tendo que escolher o que eu vou fazer (o que em Denizli se resumia a: vou no shopping ou vou visitar as lojas do centro?).
Até a próxima :)

Istanbul, Türkiye, 28 Aralık, 2010. 

2 comentários:

  1. Oi Marília, tudo bem?
    Meu nome é Isabella e eu sou membro da AIESEC Manaus.
    Me enviaram seu blog por e-mail e eu fiquei bastante nervosa depois de ler.
    Tô com passagens compradas pra daqui a 10 dias pra Denizli pro mesmo projeto Teach Yours Learn Ours da AIESEC e confesso que depois de tudo que li aqui, fiquei com frio na barriga.
    Queria muito falar com você, se puder me adicionar no Skype (isabellajacob.n), eu agradeço.

    Boa sorte por aí, espero resposta!

    Isabella

    ResponderExcluir
  2. Descobri isso aqui quando fui te perguntar pelo face se tu já tinha voltado. E, olha, é um tesouro, parabéns, Marília. Parece que eu super senti as sensações que tu descreve e me encheu de vontade de ir a Turquia. Quero muito que tu me conte tudo quando voltar. Tu volta né? :)

    beijo grande.
    ah, é a Gabi. Tua ex-colega, aquela grandona.

    ResponderExcluir